Testemunho de vida de Walmir Alencar
Minha vida é pura misericórdia! Nasci no dia 29 de Julho de 1967 em Registro, baixada santista, no Estado de São Paulo. E jamais pensei em ser músico, nem sequer ser de Deus ou até mesmo servi-lo como sirvo hoje. Desde pequeno fui criado em meio a uma grande indecisão. Minha família era espírita de “mesa branca”, onde se invocava os mortos. Como toda família, nós também buscávamos uma tal felicidade que parecia ser ilusão, porque nunca a vimos em nossa casa. Parecia que quanto mais buscássemos nesses lugares, mais distante ela ficava. A minha rebeldia e as desavenças entre nós faziam com que vivêssemos num confronto diário de desamor.
Em minha adolescência, já vivendo em São José dos Campos-SP, essa busca por um alento aumentou, mas com ela minha infelicidade também, pois eu buscava em meio a pessoas que viviam num verdadeiro lamaçal de pecados, principalmente o da afetividade, que quase me afundou na prostituição.
Pensando estar seguro, eu até dizia aos que me aconselhavam para sair daquilo e voltar para a minha família: “Esses agora são minha família! Eu nunca tive outra!”. Mas os “amigos” desse meio que eu conhecia, não duravam muito tempo: Uns morriam por assassinato e outros por drogas, e eu simplesmente ia restando.
Enquanto isso, em casa, eu assistia de camarote a minha família se desfazer: Meus pais se separando, minha irmã mais velha tornando-se mãe solteira, sendo que já não tínhamos nem condições financeiras para cuidar dos outros irmãos. Vivi anos debaixo do mesmo teto sem conversar com uma de minhas irmãs. E além de tudo isso, o irmão mais novo cai do muro e falece. Parecia que nossa sorte era a desgraça.
Minha mãe não aguentando segurar tudo isso, um dia de manhã quando nós acordamos, nos deixou um bilhete dizendo que era para a gente se cuidar porque ela estava indo embora.
Nossa família se desmoronou. A partir dali cada buscava viver sua vida.
Foi nesse tempo que com 16 anos de idade, recebi um convite de um jovem vizinho para participar da Missa da juventude, a das 10h. Mas somente depois de alguns meses, ao passar sem querer em frente da Igreja num domingo de manhã, vi jovens entrando nessa Igreja e me lembrei do convite. Faltavam alguns minutos para começar. Acabei entrando. Eu estava com chinelo de dedo, fedendo por raramente tomar banho, cabelo grande, roupas velhas e nem mesmo sabia que o gesto que todos fizeram no início era o sinal de uma cruz que traçavam sobre a testa e o peito. Vi alguns se afastando de mim, talvez pelo medo... Mas quando vi a alegria daqueles jovens cantando e dançando, não me importei com mais nada... chorei muito, pois parecia que eu estava mais perto dessa tal felicidade.
Uma frase queimava no meu peito: “Aqui é meu lugar”. Fui batizado não muito tempo depois na mesma Igreja. Comigo também três irmãs acima de minha idade e outra mais jovem que eu. Uma delas foi batizada, recebeu a primeira comunhão e se casou... tudo no mesmo dia. Foi uma Festa!
Hoje minha maior felicidade é ver minha família buscando o Senhor. Depois de alguns anos encontrei minha mãe e voltei a morar com ela. Nesse tempo as minhas irmãs já começavam a frequentar grupo de oração. Fui criando coragem de me aproximar da minha irmã, aquela que eu não conversava. Hoje somos grandes amigos e sentimos saudades quando demoramos para nos encontrar. Já a minha mãe foi reconquistando toda a família novamente com seu jeito e testemunho de vida. Ela entrou para a Igreja e se casou em Maio de 2003. Apesar dela não ter se casado com meu pai, uma grande realização em minha vida, foi vê-los se encontrando e conversando como bons amigos. Deus é santo e bom em tudo o que faz ou permite!
Continuo esperando em Deus e não desanimo. Ainda que falte alguma coisa para o Senhor ajustar em minha casa, como meu irmão que por causa das drogas ficou no Carandiru até fechar e há muitos anos viveu de presídio em presídio. Sem saber que ele havia sido transferido para o presídio de Avaré-SP, fiz um show lá, e ele me ouvia através de um radinho a transmissão do evento. Somente quando ele saiu definitivamente, que ele me contou como foi difícil para saber que seu irmão estava ali tão perto e nem mesmo podia se comunicar.
Hoje, graças a Deus, ele se encontra bem e temos um ótimo relacionamento.
Eu trago sempre comigo esta promessa:
"Crê no Senhor Jesus e serás salvo tu e tua família" (Atos 16,31)
Mas Deus sempre traduziu este trecho da Bíblia para mim desta forma:
”Se você cuida da minha Obra, Eu cuido da sua família”.
No amor que nos une,
Walmir Alencar