Sempre há alguém precisando de ajuda emocional: uma palavra amiga,
uma orientação ou simplesmente alguém que escute os sofrimentos da alma.
Contudo, nem sempre sabemos como agir diante de determinadas situações,
pois somos extremamente complexos e frágeis. Sempre existe o medo de
que nossas palavras sejam mal interpretadas. Como ajudar eficazmente
quem precisa de nossa ajuda?
Ajudar é um processo que exige, em primeiro lugar, uma maturidade
emocional e espiritual. Uma pessoa imatura dificilmente poderá
contribuir com alguém que enfrenta crises pessoais complexas e que
exigem um cuidado especial no acolhimento do que será partilhado. Por
isso mesmo, é preciso nos questionarmos se temos condições humanas e
espirituais de ajudar alguém ou se, no momento, seria mais prudente e
oportuno indicar outra pessoa com um nível de maturidade maior para
poder auxiliar em determinados contextos enfrentados por quem nos
procurou.
Assista: O amigo ajuda o outro a ser melhor
Quem nos procura não quer ser tratado como um objeto. Não é uma
mercadoria. Não deseja ser analisado, mas necessita de compreensão e
empatia. Uma atitude que vê o outro como um problema sem solução não
contribui para uma ajuda eficaz. É necessária a disponibilidade interior
para compreender os sentimentos do outro sem nos perdermos dos nossos.
O que é revelado sempre deverá conter o caráter confidencial. Talvez,
o que ouviremos nunca tenha sido partilhado com outra pessoa. Diante de
nós será depositado tudo aquilo que a pessoa vive e sente, e, neste
caso, o respeito à dor e ao sofrimento do outro torna-se fundamental. No
processo de acolhimento, é necessário ser quem se é, não tendo
necessidade de fingimentos. Faz-se necessário abrir mão das máscaras
que, supostamente, poderão desejar ocupar um lugar que não lhes
pertence.
Diante de determinados relatos, corremos o risco de nos irritarmos
com aquilo que nos é apresentado. Talvez, o relato seja longo demais ou
não concordemos com determinadas atitudes. Quando a pessoa percebe a
irritação expressa na fala ou no semblante do interlocutor, cria-se um
bloqueio emocional que rouba a confiança que estava sendo depositada até
então.
Somente poderá compreender os sentimentos do outro quem antes
estiver consciente dos seus e aceitá-los. Não há como compreender o
outro se antes não houver compreensão de si próprio. Atitudes de
atenção, afeição, ternura, interesse, respeito nem sempre são fáceis de
serem transmitidas, mas são essenciais para quem deseja ser um canal de
ajuda.
Na relação de ajuda, corremos o risco de ficarmos deprimidos com a
depressão do outro ou angustiado com a angústia que nos é apresentada. É
preciso ter em si mesmo uma maturidade humana e espiritual para entrar
no mundo do outro, procurando ver como ele vê a vida sem perder-se de si
mesmo.
Nem sempre é fácil aceitar o outro como ele é. Diante de nós estão
colocadas todas as fragilidades e pecados guardados em um coração
sofrido e machucado. Como reagir a tudo isso? Condenar e decretar uma
sentença? Não! Será preciso agir com extrema delicadeza para que nosso
comportamento não seja interpretado como uma ameaça, criando assim um
bloqueio na relação de ajuda.
Enfim, é preciso ver o outro como um ser humano em processo
de transformação: uma pessoa amada por Deus e que, muitas vezes, precisa
resgatar a sua dignidade diante de si mesmo e da sociedade.
Quando quem nos procura é acolhido como uma criança imatura, alguém
ignorante ou ainda como um problema sem solução, limitamos a relação de
ajuda e não permitimos que a pessoa desenvolva suas possibilidades de
crescimento interior, tanto em nível humano quanto espiritual.
A compreensão é um processo de misericórdia e compaixão, o qual se
estabelece quando a confiança e o respeito são preservados como algo
sagrado na relação interpessoal. Não há ajuda eficaz quando quem nos
procura não encontra uma oportunidade de recomeçar a escrever sua
história de vida.
Fonte: Canção Nova
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