Autor: Prof. Carlos Ramalhete
Fonte: http://www.veritatis.com.br
Muitas
vezes somos abordados pelos chamados "Testemunhas de Jeová". Eles
procuram nos convencer de que o Nome de Deus é Jeová, e que é muito
importante tratá-l'O por este nome. Além disso, eles têm outras
doutrinas exóticas, que não cabe neste artigo tratar; entre outras
coisas, eles dizem que Jesus não é Deus...
De onde veio este nome, "Jeová"?
Quando
Deus Se revelou a Moisés, este perguntou a Ele qual o Seu nome. Deus
respondeu: Eu sou O que sou (tradução da Vulgata pelo Pe. Mattos
Soares). Este nome, traduzido como "Eu sou O que sou", é uma tradução do
hebraico, do chamado Tetragrama, o Nome Inefável de Deus. É uma palavra
hebraica com quatro letras: Yud-Hei-Vav-Hei. Esta palavra é uma forma
arcaica do verbo "Ser" em hebraico. Devemos notar que o hebraico
normalmente não apresenta o verbo "ser" no presente, já que apenas Deus
É. Assim, em hebraico, dizemos "eu brasileiro", não "eu sou brasileiro",
"Maria linda moça", não "Maria é uma linda moça".
Os judeus
sempre tiveram um saudável respeito ao nome de Deus. O Tetragrama nunca é
pronunciado pelos judeus; apenas o Sumo-Sacerdote, uma vez por ano (no
dia de Yom Kippur), entrava no Santo dos Santos do Templo e sussurrava o
nome. Isto era visto como algo extremamente perigoso, e na verdade o
era. O Sumo-Sacerdote entrava no Santo dos Santos com uma corda amarrada
no pé, para ser puxado para fora em caso de morrer lá dentro, o que
certamente ocorreria se ele estivesse impuro. Foi esse aliás o fim de
muitos Sumo-Sacerdotes judeus.
Para evitar pronunciar o nome de
Deus, os judeus, ao lerem as Escrituras, pronunciam no lugar do
Tetragrama a palavra "Adonai", que significa "Senhor". Aliás esta também
é a Tradição católica; qualquer tradução católica mais antiga da Bíblia
usará "O Senhor" quando no texto hebraico encontramos o Tetragrama, e
"Deus" quando encontramos o Nome "Elohim" (outro nome de Deus,
designando a Sua Misericórdia, como o Tetragrama designa a Sua Justiça).
Mas o respeito dos judeus vai mais longe; eles não usam a
palavra "Adonai", ou sequer a palavra "Elohim" ao falar de Deus fora da
oração. Se for necessário traçar a diferença entre uma e outra (como ao
comentar a oração ou um texto bíblico), eles dizem "Adokai" ou "Elokim".
Ao tratar de Deus em outras ocasiões, normalmente são usadas as
expressões "Cadoch Barurrú" (que pode ser traduzida como "O Santo,
louvado seja Ele") ou simplesmente "Rachem", que significa "O Nome".
Estas pronúncias são transliterações para o sotaque carioca, com "R"
soando aspirado, como o "H" em inglês.
O resultado disso é
simples: a verdadeira pronúncia do Nome de Deus foi perdida. Como a
língua hebraica não tem vogais (elas são escritas apenas em textos
bíblicos, não em jornais ou livros, e são sinais parecidos com nossos
acentos, colocados embaixo, em cima e ao lado das letras), qualquer
tentativa de pronunciar o Nome de Deus é apenas uma suposição. Pode ser
uma suposição educada, lendo-se o Tetragrama como normalmente seriam
lidas as sílabas que o compõem em outras palavras, mas será sempre uma
suposição.
Para evitar que alguém lesse por engano o Nome de
Deus na oração (ao invés de substituí-lo por "Adonai"), os judeus
normalmente escrevem as vogais da palavra "Adonai" com as consoantes do
Tetragrama. Assim, o Tetragrama aparece cercado por sinais que são as
vogais de "Adonai".
O heresiarca Martinho Lutero, ao fazer a sua
tradução da Bíblia no século XVI, pegou um texto hebraico que continha
justamente estas vogais em torno das consoantes do Tetragrama, e criou
uma palavra que é na verdade composta pelas vogais de "Adonai"
combinadas com as consoantes do Tetragrama: Jeová.
Assim, pela
ignorância dos costumes judeus, foi introduzido como sendo o nome de
Deus algo que na verdade é apenas uma mistura de duas palavras, sendo
uma delas o Nome de Deus e a outra uma expressão que significa "O
Senhor". Lutero foi o fundador do protestantismo, e seus discípulos
diretos e indiretos levaram adiante este nome falso, que acabou por ser
aceito por muitos como sendo a pronúncia correta do Nome de Deus. Os
"Testemunhas de Jeová" são simplesmente um ramo do protestantismo que
levou às últimas consequências este engano, e dedica-se a propagar pelo
mundo este erro de tradução.
Surge então a questão: como deveria ser pronunciado o Nome de Deus?
Se
procurarmos a suposição mais bem fundada, pronunciaríamos "Iavé", ou
"Javé" (a maior parte das palavras que começam com um som de "I" em
hebraico têm som de "J" em outras línguas, como "Irruchaláim", em
português Jerusalém). Mas o melhor mesmo é nos atermos à tradição da
Igreja e dizer sempre "O Senhor", ou, melhor ainda, Jesus, o Nome acima
de qualquer outro nome.
O importante não é pronunciarmos corretamente O Nome, mas sim O glorificarmos por nossos atos e palavras:
Pai Nosso, que estás no Céu,
Santificado seja o Vosso Nome...
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