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Arranque as amarras dos seu olhos

Quantas graças grandiosas você alcançou que cabem em duas palavras: “Obrigada, Senhor!” A palavra é a casa do significado, o sentido de todas as coisas cabe nas palavras. Ao sentido de quem escuta, um “Obrigada, Senhor!” pode não significar muita coisa, mas aos lábios de quem professa, tem um grande valor.
Tenho pensado na dificuldade que é ser cristão nos tempos de hoje, ter uma postura cristã nos lugares onde  moramos, que  frequentamos. Está tudo muito nebuloso, já nos perdemos de muitos referenciais. Muitas vezes não conseguimos chegar ao “Obrigado, Senhor”, porque nos falta discernimento naquilo que pedimos.
Hoje, Deus vem curar a cegueira de dois homens, dar a eles a oportunidade de voltar a ver. É interessante pensar que ver não é só visualizar, mas aperfeiçoar um sentido, uma visão mais profunda, aguçar em nós algo mais profundo do que simplesmente visualizar uma pessoa ou algo.
É muito fácil nos perdermos do essencial quando não estamos enxergando, mas apenas vendo. Se não tomarmos cuidado, a vida passa por nós e não a percebemos. Enxergar é saber observar o que realmente importa, o que realmente nos convém. Tenho percebido que a grande intenção do inimigo é nos cegar, colocar uma nuvem na nossa capacidade de enxergar, de reconhecer quem realmente somos.
Uma pessoa que não se enxerga, não avança, não cresce, não supera; fica estacionada, porque tem a incapacidade de se ver. Preste atenção em você, em quem você é. Permita que o olhar que você tem sobre si seja verdadeiro. Pare de exigir de você aquilo que não tem para oferecer, pois, a partir do momento em que você reconhece a sua verdade, tem a capacidade de crescer.
Quando temos dificuldade de olhar para nós mesmos, corremos o risco de assumir um personagem e não somos. É especialidade do inimigo de Deus provocar em nós uma cegueira e, assim, desperdiçamos nossos talentos, porque não descobrimos nosso lugar.
O que é um invejoso? É aquele que, ao invés de cuidar do que é, desperdiça seu tempo cuidando do que os outros são. A inveja é uma doença, porque aquele que fica o tempo todo prestando atenção nos outros, não faz sucesso, não cresce, não se enxerga.
Deus nos ajude a olhar para nós, pois se não tivermos essa “lente” para olhar nossos defeitos, não seremos felizes, porque ninguém pode ser feliz distante de sua verdade.
Olhe-se. Não tenha medo de quem você é; abandone as suas ilusões e as substitua por esperança. O diabo vai lhe dar sempre uma ilusão, mas Deus vai lhe dar sempre uma esperança. Mas se você não se olha, não lida com sua verdade, corre o risco de desperdiçar sua vida com ilusões que não se realizam.
Há muitas pessoas cegas que já não conseguem olhar para si mesmas com misericórdia. Há muitos filhos sem condições de se olhar, porque estão viciados no crack, na cocaína, no álcool. Cuidado! Fiquei sabendo que o diabo também está morando em muitas sacristias do Brasil, através de muitas equipes de liturgias que competem umas com as outras. Já não estão a serviço do Senhor, já não prestam serviço à comunidade, mas às suas vaidades. Já vi a ação do diabo em lugares que nós nem imaginávamos que ele pudesse estar.
Quando já não reconhecemos o que é pecaminoso em nós, machucamos os outros com o que temos de pior. Corremos o risco de nos acostumarmos com o que é ruim, a fazer o que é errado. Não podemos nos acostumar com os gestos que em nós são diabólicos, porque podemos estar prejudicando alguém. O diabo é perigoso demais.
Se estamos numa época em que os padres estão ficando famosos, se estamos numa época em que a mídia nos projeta, não caia nessa tentação, porque essa pode ser a morte do sacerdócio, do profeta, pode ser a morte da santidade. Eu não quero perder a capacidade de me ver, de olhar para mim e saber quem eu sou. Sou o padre Fábio e só isso.
Não permita que o inimigo coloque em você a incapacidade de olhar para o outro de um jeito certo. Ele está cegando a maneira com que o pai olha para o filho. Você é um pai-amigo, mas pai antes de amigo. Essa pedagogia do mundo que está tirando o direito dos pais de dizer ‘sim’ e ‘não’ aos filhos, é uma mentira. Uma criança não é igual a um adulto. Ela não tem condições de tomar as decisões que um adulto tem. É um pecado quando você se isenta da responsabilidade de seu filho, quando ele precisa da sua decisão. Amor não é apenas presentear e permitir que seu filho faça o que quer.
Em muitos corações que se dizem cristãos, a crueldade cresce. Eu acredito que Deus começa a nos converter pelos olhos. Ele tem de modificar o nosso jeito de olhar para nós, para os outros.
A vitória do combate vem do céu. Quando a graça do Senhor encontra um coração disposto à santidade, ninguém mais segura essa pessoa. Não tenha medo de, hoje, sentir-se o pior, de perceber que substituiu as esperanças pelas ilusões. Hoje, Deus quer fazer uma obra em nós, quer fazer cair as máscaras e inaugurar um novo tempo em nossa vida.
Que a santidade da sua vida apresse a volta do Senhor. Que cada gesto de amor possa implantar o amor de Deus.
“Senhor, retire as vendas dos meus olhos e me conceda a graça de enxergar com Seus olhos. Modifica o jeito como olho para minha família, como olho para os pecados do mundo. Conceda-me a graça de hoje ficar indignado com tudo o que é pecaminoso, destruidor.”

Fonte: Canção Nova
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